O Planeta dos Macacos, de Pierre Boulle #21
- Mariana Knorst
- 27 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de jul. de 2020

Quando vi que a Editora Aleph relançaria o clássico de Pierre Boulle, meu coraçãozinho quase parou, mas então vi a arte do livro e todas as minhas boas emoções foram por água abaixo (o que não me impediu de adquirir um exemplar).
Após comprar o livro e colocá-lo na estante, fiquei namorando sua lombada vermelha, que se destacava dentre tantas capas escuras, até decidir lê-lo.
E, CÉUS, COMO ME ARREPENDI DE TER DEMORADO TANTO PARA LER!
Aquela capa meio estranha, que lembra um moleskine, é na realidade um grande atrativo na hora da leitura, pois o livro possui um tamanho muito agradável e um peso excelente, o que não me cansou nenhum pouco. Além disso, ao longo da leitura, aquelas bordas arredondadas e a textura áspera da capa foram me cativando de um jeito que agora mal posso esperar para ler outro livro com o mesmo design (aloooou Aleph!).
Quanto à história, eu esperava encontrar um enredo praticamente igual ao do filme de 1968 e de fato encontrei, mas estou até agora tentando entender o porquê das pequenas modificações no enredo da adaptação, uma vez que não são relevantes para a história. Anyway, apenas a título ilustrativo, vou elencar algumas diferenças:

Voltando à história, um grupo composto por dois cientistas e um jornalista viaja para um planeta distante da Terra e lá chegando se depara com um grupo de humanos agindo selvagemente e um grupo de símios extremamente evoluído e civilizado. O enredo parece bastante simples e nada aterrorizante, principalmente se nos lembrarmos das caracterizações dos personagens da primeira adaptação cinematográfica (aquela que mencionei de 1968), mas quando nos damos conta da inversão de papéis e das práticas aplicadas aos humanos, o livro se torna um grande golpe baixo.
Pensem comigo: hoje, na Terra, em pleno século XXI, os testes em animais são normais. Os humanos, os grandes donos da verdade e as criaturas mais inteligentes do mundo (sic), adoram utilizar criaturas inferiores, desprovidas de vida inteligente (macacos, por exemplo), para comprovar suas teses científicas, e essa prática, por incrível que pareça, aos nossos olhos, é absolutamente normal e necessária. Esse pensamento, de forma geral, não nos aterroriza, certo?
Agora, tentem inverter a situação: Os símios, os grandes donos da verdade e as criaturas mais inteligentes do mundo, adoram utilizar criaturas inferiores, desprovidas de vida inteligente (humanos, por exemplo), para comprovar suas teses científicas, e essa prática, por incrível que pareça, aos seus olhos é absolutamente normal e necessária.
Vai dizer, é APAVORANTE, não?
E é exatamente essa a intenção do livro, abrir os olhos do leitor e realizar uma crítica à sociedade moderna de forma inteligente e sutil, utilizando como ponto fraco o maior orgulho da humanidade: sua inteligencia absoluta.
E isso tudo nos é apresentado diante de uma escrita bastante simples, com uma descrição clara dos eventos, o que diferencia o autor de muitos outros do mesmo gênero. De outra mão, a simplicidade da apresentação da história apenas aumenta o charme de seu conteúdo, porque facilita o acesso do leitor e torna a leitura extremamente rápida e prazerosa.
Então, deixo aqui minhas cinco estrelas e uma grande recomendação de leitura.
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